INDENIZAÇÃO PARA FILHOS DE ANISTIADOS

Comissão indeniza filhos de anistiados em até R$ 275 mil

Parentes de Brizola, João Goulart e Prestes estão entre as 16 pessoas beneficiadas ontem pelo Ministério da Justiça

BRASÍLIA
A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça aprovou ontem indenização econômica e anistia para 16 filhos e netos de pessoas que lutaram contra o regime militar e foram obrigadas a sair do País por causa da militância de seus ascendentes. Entre os beneficiados estão filhos do presidente João Goulart, do governador Leonel Brizola e do líder comunista Luiz Carlos Prestes.

Os irmãos João Vicente e Denize Fontella Goulart, filhos de João Goulart, vão receber, de uma vez só, R$ 244.800 (480 salários mínimos) cada um. José Vicente, Neusa e João Otávio Brizola, filhos de Leonel Brizola, terão indenização diferenciada: Neusa, R$ 153.000 (300 salários mínimos); João Octavio, R$ 107.100 (210 salários), e José Vicente, R$ 91.800 (180 salários).

Outros 11 filhos e netos de pessoas perseguidas pela ditadura militar foram anistiados e compensados economicamente ontem pela Comissão de Anistia. Entre eles, Luiz Carlos Ribeiro Prestes, filho de Luiz Carlos Prestes. Ele terá direito a indenização de R$ 153.000 (300 salários).

Eduarda Crispim Leite receberá R$ 275.400 (540 salários mínimos). Ela não chegou a conhecer o pai, Eduardo Leite, o Bacuri, morto em 1970. Sua mãe, Denise Peres, estava grávida de cinco meses dela quando foi presa e torturada. Ainda bebê, Eduarda foi para o exílio no Chile com a mãe e depois para a Itália, onde vive até hoje. Registrada sem o nome do pai, ela ganhou o direito de usar o sobrenome dele há um mês, após decisão da Comissão de Anistia de declarar Denise, a mãe, anistiada política.

Outros indenizados foram: Carlos Alexandre Azevedo, com R$ 220.500 (450 salários), Maria Emília Guerra Ferreira, R$ 168.300 (330 salários); Denise Oliveira Lucena, Samuel Ferreira, Ângela Telma Oliveira Lucena, Adilson Oliveira Lucena e Zuleide Aparecida do Nascimento, R$ 153.000 (300 salários) cada; e Magnólia de Figueiredo Cavalcante e Cláudia Cavalcanti, R$ 15.300 cada.

Todos eles terão também direito a contagem de tempo para efeitos de aposentadoria pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) durante o tempo em que tiveram de ficar fora do País.